sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Das faces de Hermes [2]

- Então não dessististe?
- Não...
- És por demais confuso.
- Sei disso.
Era o mesmo balcão, do mesmo bar, só não eram as mesmas pessoas (nunca são).
- E agora estás aí lamentando-se de novo.
- O que posso fazer? Isso acaba sempre acontecendo... esse passado me assombra.
- Mas esse passado nem é teu!
- Mesmo assim, me assombra.
- Sabes que podes sempre desistir.
- Não trata-se de desistir, trata-se de necessidade. E também eu não quero desistir.
- Acomodado!
- Não sou. Só acho que isso vai passar.
- E se não passar?
- Daí então verei depois.
- Depois... Sabem que não deves esperar para depois.
- Tu, melhor que ninguém, conheces minh’alma e sabes que, se desistir, ficarei pior.
- Mas será por pouco tempo.
- Não tenho certeza disso.
- Tudo bem. Só não vá contra os teus príncipios.
- Eu sempre vou, meu caro, sempre vou...

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