quarta-feira, 8 de julho de 2009

vôo!

Impressionante como o verde das arvores é avivado pelo chumbo celeste, e talvez a chuva caia já que os pássaros voam pressentindo as gotas cristalinas que estão cada vez mais perto.
E eu aqui sentado nesse banco, observando as pessoas que passam cada vez mais rápido por medo da chuva que vai cair. Talvez seja melhor eu guardar o caderno. Talvez seja melhor ir para um lugar abrigado, que me proteja da água que cai. Não, melhor não, melhor ficar aqui até que os primeiros pingos caiam tendo a intenção de lavar as almas preocupadas com futilidades que não percebem a chuva que cai ou então que se irritam com ela. E talvez quando a chuva chegar para fertilizar o solo aí sim eu corra pra um lugar onde o meu caderno não perca a cor e essas coisas que escrevo não virem sopa de letrinhas num bueiro qualquer.
E então a chuva caí de novo, apesar de uma pontinha de sol já se abrir lá no outro lado do horizonte poluído e pequeno, graças aos prédios, as pessoas insistem em tentar se defender da água com guarda-chuvas ridículos, não vêem que isso só atrapalha a movimentação, é só pra isso que servem os guarda-chuvas, para atrapalhar as passagens.
E lá vem o sol de novo assombrado pelas nuvens negras que acabaram de passar por aqui é hora de voltar pro banco, agora molhado, nada que uma bela rajada de vento não seque e não leve tudo embora... água, poeira, folhas, pensamentos.
Iiih vôo! Volta aqui! Não terminei de te pensar!

William Motta Afonso