terça-feira, 19 de maio de 2009

mais um café antes de mais um inverno

Hoje em mais um entardecer de outono pego minha xícara cheia de café e me sento pra analisar as palavras. Café por exemplo... Uma palavra reta e direta. Pensamentos de vários modos, uma palavra bela. Diminuir, sem sentido nenhum essa nem precisava existir a não ser pra diminuir as mortes, as guerras, a distancia, a diferença e outras coisas. Aproximar, juntar, tornar próximo, tente usar mais essa. Sensatez, palavra importante mas que as vezes deve ser mandada pro espaço. Nós, apenas mais um pronome, talvez o mais importante deles. Saudade, talvez importante, importante para aumentar a vontade. Vontade, necessidade, desejo, sinônimos belos e significativos. Sinônimos como disse Quintana “aqueles que acreditam em sinônimos não devem saber distinguir as diferentes nuanças de uma mesma cor”. Cores, a beleza de um dia a vida, agradam aos olhos. Olhos, verdes, azuis, pretos, castanhos... Nada supera a beleza das janelas da alma, talvez a parte mais expressiva do corpo capazes de demonstrar sentimentos a distancia apenas num olhar. Fé, crença em algo ou alguém, talvez ela seja importante, mas o mais importante com certeza é ter fé em si mesmo.
Enfim percebo que as palavras unidas fazem um texto que permite criar universos paralelos ao nosso onde é possível dar vida a pessoas que não existem e com a ponta de uma caneta modificar a vida delas.
Tenho medo de modificar. Modificar, tornar melhor ou pior, alterar, não ser mais do jeito que era. Tenho medo. Medo, pensamento ruim, que nos impede de fazer algo, mas como todo pensamento pode ser abandonado. Tenho. Ter, possuir, não possuímos nada a não ser o que nos possui.
E essas palavras me possuem.
Acabou o café.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Seja la o que for

“Em plena maturidade sinto em mim a menina assombrada com a beleza da chuva que chega sobre as arvores num jardim de muitas décadas atrás. Tudo aquilo é para sempre meu, ainda que as pessoas amadas partam que a casa seja vendida, que eu não seja aquela.
Para isso precisei abrir em mim um espaço onde abrigar as coisas positivas, e desejei que fosse maior que o lugar onde inevitavelmente eu armazenaria as ruins”
Lya Luft

E a chuva chega assombrando deixando dias na memória, trazendo dias à memória. Dias de décadas atrás que vêm a cabeça enchendo qualquer um de pura melancolia, momentos, imagens que serão pra sempre minhas, que ficarão guardadas numa caixinha escondida no cérebro, um pequeno relicário que fotos, sons, cheiros e sensações. Tudo isso será recordado ao mais leve som da chuva caindo na terra, ao mais doce aroma da terra molhada ou então num banho de chuva. E então começaremos a contagem do tempo a sensação relembrada é de dias, semanas, meses, anos atrás independentemente disso serão lembranças vividas, saudades vividas.

“Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz”
Sonho de um flauta – o teatro mágico

Realmente nem tudo é aquilo que parece, mudanças constantes, mudanças incompletas. Já disse Mario Quintana “ aqueles que acreditam em sinônimos não devem saber distinguir as diferentes nuanças de uma mesma cor” todo choro é choro mas nem todo choro é por tristeza, toda rosa é rosa mas elas também podem ser vermelhas e ainda serão rosas. Saber o real sentido das coisas é saber demais se alguém descobrir isso perdera todo o sentido, a mais bela caminhada é aquela que vai a busca dos mistérios desvendando-os aos pouquinhos, para não assustar, para não acabar tudo de uma vez só.
Enfim vou buscar outras memórias de momentos só meus ainda que não seja mais eu, quando as lembranças chegarem serei de novo o menino que fui quando as guardei na memória, se realmente não for o que prece não descansarei enquanto não descobrir o que realmente é... seja lá o que for.